Foi nos anos 90, quando me comecei a interessar por Gestão de Tempo, que fui introduzido ao conceito de objectivos SMART. SMART (em inglês = “esperto”) é um acrónimo que assentou muito bem à definição de objectivos na segunda metade do século XX.
Nessa altura ainda vigorava (como ainda hoje em muitos lugares vigora) uma interpretação cronológica do tempo e uma lógica mecanicista da vida. Definem-se Objectivos SMART, escrevem-se na pedra e forçar até conseguir. E mesmo quando tudo muda (mesmo a nossa vontade) os objectivos permanecem. Como alguém disse em voz de sargento da tropa "you have to stick to you goals no matter what!!!"
Mais concretamente:
Specific (Especifico. O objectivo tem de ser claro e especificado.)
Mesurable (Mensurável. Deve existir uma forma de quantificar o objectivo assim como medir o progresso na sua prossecução.)
Attainable (Atingível. Deve ser algo ao nosso alcance.)
Realistic (Realista. De um ponto de vista pragmático, atingir o objectivo deve ser algo realista.)
Timed (Temporizado. Com prazos precisos acerca de quando o objectivo deve estar atingido.)
Na altura, imerso como estava na lógica mecanicista da Gestão do Tempo orientada para a vida empresarial e apenas isso, SMART parecia fazer todo o sentido. Com o tempo vim a perceber que nem sempre os objectivos SMART são suficientes, ou, pelo menos, não de um ponto de vista tão dogmático como a Gestão do Tempo e outras disciplinas o têm apresentado. Verifiquei por experiência própria que, ao passo que SMART continuava a ser importante, não era suficiente para ser decisivo.
Muitos dos meus objectivos tinham tudo de SMART e mesmo assim ficavam por atingir. Comecei a procurar motivos para isso e ocorriam-me alguns pensamentos soltos. Só alguns anos mais tarde, em especial ao ler os trabalhos dos supercoaches Michael Neill e Paul Mckenna, é que cheguei a um momento “EUREKA!” acerca do SMART não ser suficiente.
O grande problema dos objectivos SMART é serem auto-limitadores. Não há problema nenhum com isso se trabalhamos num departamento de contabilidade e temos de entregar um número específico e realista de Balanços num determinado prazo. Também não faz mal nenhum se temos que fazer diversas pequenas coisas ao longo do dia e as planeamos de modo SMART. Nesses, e em muitos outros casos, a lógica SMART é suficiente e tem beneficiado milhões de pessoas que a aplicam há mais de 20 anos.
Quando falo em serem auto-limitadores, talvez seja melhor explicar utilizando alguns dos termos SMART. Por exemplo, o “A” de “Atingível” é limitador. Todas as pessoas têm uma noção (ainda que muito errada e geralmente limitada) daquilo que conseguem e não conseguem atingir. Quando definem um objectivo “atingível” ele vai ser atingível de acordo com aquilo que a sua percepção do que elas são capazes, de acordo com o seu mapa. Logo, se essa percepção for limitada também um objectivo atingível estará muito aquém do que a pessoa consegue realmente atingir.
Quase o mesmo se pode dizer acerca do “R” de “Realista”. Mais uma vez, o que é realista varia de pessoa para pessoa. Pior ainda, quando se introduz o chamado “realismo” estamos a eliminar muito do factor de inspiração, de desafio e de força que um objectivo verdadeiramente importante deve ter.
Finalmente o “T” de “temporizado” também limita porque obriga mais a pessoa a seguir rigidamente um horário e um calendário, independentemente do que se passa à sua volta, tudo para cumprir o que foi temporizado. Ninguém é uma ilha e muitas coisas acontecem à nossa volta. Se estivermos demasiado preocupados com o timming dos nossos objectivos vamos gerar stress desnecessário e acabar por afectar a maioria dos outros objectivos. Muitas vezes, em especial nos “Grandes Objectivos”, a espontaneidade é mais importante que o timming.
Com tudo isto, e não questionando a importância que a lógica SMART tem e continuará a ter na nossa vida, em particular nas áreas mais técnicas, gostaria de sugerir que mais do que SMART, os objectivos devem ser SMILE!
Specific (Especifico. O objectivo tem de ser claro e especificado.)
Mesurable (Mensurável. Deve existir uma forma de quantificar o objectivo assim como medir o progresso na sua prossecução.)
Inspiring (Inspirador. Deve ser algo que nos inspire a superar-nos, que nos inspire (e não obrigue!) à acção de uma forma tão natural que parece mais divertimento do que trabalho. Inspirador no sentido em que seja um objectivo que nos deslumbre!)
Liberating (Libertador. Em mais do que um sentido. Libertador no sentido de libertar de uma agenda e de uma calendário excessivamente controlador e libertador das nossas próprias convicções limitadoras, das nossas actuais percepções sobre o que conseguimos e não conseguimos fazer.)
Empowering (O objectivo deve ser formulado de modo a colocar a responsabilidade e a capacidade de acção sobre quem o projectou. Mais do que isso, deve responsabilizar o seu autor pelos resultados, pelos métodos para o atingir assim como pela tomada de cada iniciativa. Assim evita-se que a responsabilidade seja projectada para fora ou para outras pessoas que não o detentor do objectivo.)
E pronto, assim fica uma sugestão de Objectivos SMILE para complementar os mundialmente famosos Objectivos SMART.
Conforme o feedback, voltarei a este tema mais vezes.
Ricardo Rebelo
Nessa altura ainda vigorava (como ainda hoje em muitos lugares vigora) uma interpretação cronológica do tempo e uma lógica mecanicista da vida. Definem-se Objectivos SMART, escrevem-se na pedra e forçar até conseguir. E mesmo quando tudo muda (mesmo a nossa vontade) os objectivos permanecem. Como alguém disse em voz de sargento da tropa "you have to stick to you goals no matter what!!!"
Mais concretamente:
Specific (Especifico. O objectivo tem de ser claro e especificado.)
Mesurable (Mensurável. Deve existir uma forma de quantificar o objectivo assim como medir o progresso na sua prossecução.)
Attainable (Atingível. Deve ser algo ao nosso alcance.)
Realistic (Realista. De um ponto de vista pragmático, atingir o objectivo deve ser algo realista.)
Timed (Temporizado. Com prazos precisos acerca de quando o objectivo deve estar atingido.)
Na altura, imerso como estava na lógica mecanicista da Gestão do Tempo orientada para a vida empresarial e apenas isso, SMART parecia fazer todo o sentido. Com o tempo vim a perceber que nem sempre os objectivos SMART são suficientes, ou, pelo menos, não de um ponto de vista tão dogmático como a Gestão do Tempo e outras disciplinas o têm apresentado. Verifiquei por experiência própria que, ao passo que SMART continuava a ser importante, não era suficiente para ser decisivo.
Muitos dos meus objectivos tinham tudo de SMART e mesmo assim ficavam por atingir. Comecei a procurar motivos para isso e ocorriam-me alguns pensamentos soltos. Só alguns anos mais tarde, em especial ao ler os trabalhos dos supercoaches Michael Neill e Paul Mckenna, é que cheguei a um momento “EUREKA!” acerca do SMART não ser suficiente.
O grande problema dos objectivos SMART é serem auto-limitadores. Não há problema nenhum com isso se trabalhamos num departamento de contabilidade e temos de entregar um número específico e realista de Balanços num determinado prazo. Também não faz mal nenhum se temos que fazer diversas pequenas coisas ao longo do dia e as planeamos de modo SMART. Nesses, e em muitos outros casos, a lógica SMART é suficiente e tem beneficiado milhões de pessoas que a aplicam há mais de 20 anos.
Quando falo em serem auto-limitadores, talvez seja melhor explicar utilizando alguns dos termos SMART. Por exemplo, o “A” de “Atingível” é limitador. Todas as pessoas têm uma noção (ainda que muito errada e geralmente limitada) daquilo que conseguem e não conseguem atingir. Quando definem um objectivo “atingível” ele vai ser atingível de acordo com aquilo que a sua percepção do que elas são capazes, de acordo com o seu mapa. Logo, se essa percepção for limitada também um objectivo atingível estará muito aquém do que a pessoa consegue realmente atingir.
Quase o mesmo se pode dizer acerca do “R” de “Realista”. Mais uma vez, o que é realista varia de pessoa para pessoa. Pior ainda, quando se introduz o chamado “realismo” estamos a eliminar muito do factor de inspiração, de desafio e de força que um objectivo verdadeiramente importante deve ter.
Finalmente o “T” de “temporizado” também limita porque obriga mais a pessoa a seguir rigidamente um horário e um calendário, independentemente do que se passa à sua volta, tudo para cumprir o que foi temporizado. Ninguém é uma ilha e muitas coisas acontecem à nossa volta. Se estivermos demasiado preocupados com o timming dos nossos objectivos vamos gerar stress desnecessário e acabar por afectar a maioria dos outros objectivos. Muitas vezes, em especial nos “Grandes Objectivos”, a espontaneidade é mais importante que o timming.
Com tudo isto, e não questionando a importância que a lógica SMART tem e continuará a ter na nossa vida, em particular nas áreas mais técnicas, gostaria de sugerir que mais do que SMART, os objectivos devem ser SMILE!
Specific (Especifico. O objectivo tem de ser claro e especificado.)
Mesurable (Mensurável. Deve existir uma forma de quantificar o objectivo assim como medir o progresso na sua prossecução.)
Inspiring (Inspirador. Deve ser algo que nos inspire a superar-nos, que nos inspire (e não obrigue!) à acção de uma forma tão natural que parece mais divertimento do que trabalho. Inspirador no sentido em que seja um objectivo que nos deslumbre!)
Liberating (Libertador. Em mais do que um sentido. Libertador no sentido de libertar de uma agenda e de uma calendário excessivamente controlador e libertador das nossas próprias convicções limitadoras, das nossas actuais percepções sobre o que conseguimos e não conseguimos fazer.)
Empowering (O objectivo deve ser formulado de modo a colocar a responsabilidade e a capacidade de acção sobre quem o projectou. Mais do que isso, deve responsabilizar o seu autor pelos resultados, pelos métodos para o atingir assim como pela tomada de cada iniciativa. Assim evita-se que a responsabilidade seja projectada para fora ou para outras pessoas que não o detentor do objectivo.)
E pronto, assim fica uma sugestão de Objectivos SMILE para complementar os mundialmente famosos Objectivos SMART.
Conforme o feedback, voltarei a este tema mais vezes.
Ricardo Rebelo
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