Vamos falar um pouco de transcontextualidade…
Estão prontos para esta sessão? Espero que sim, porque eu estou!
Apesar de ser um palavrão enorme para o qual nem o MSWord tem corrector, refere-se a um princípio muito simples que qualquer pessoa pode utilizar para melhorar o seu desempenho em qualquer área da sua vida.
A ideia base é que os princípios, as estratégias e as técnicas que utilizamos com sucesso numa certa área da vida podem ser usadas em qualquer outra área para produzir sucesso. Parece simples? É simples! Afinal, se algo funciona, preciso continuar a repetir mais do mesmo. É um velho princípio da PNL que diz que “quando continuamos a fazer o que sempre fizemos vamos continuar a ter os resultados que sempre tivemos”.
O problema da transcontextualidade é encontrar um método que o torne prático, rápido e preciso.
Nesse aspecto o supercoach Michael Neill desenvolveu um modelo a que chama “Mudar de Engrenagem” (Shifting G.E.A.R.s) e explica como o podemos pegar em qualquer hábito ou prática da nossa vida em que tenhamos sucesso (literalmente qualquer uma, desde que haja sucesso) e podemos aplicar em qualquer outra.
Este é um exercício que recomendo fazer no papel…
Para mudar de engrenagem, precisamos de uma primeira engrenagem, que será a prática na qual já temos sucesso. Relembro que pode ser QUALQUER COISA desde que seja bem feita.
No meu caso, quando comecei a brincar com esta técnica, o exemplo que me ocorreu de algo que faço muito bem é acordar. Sim, isso mesmo, acordar. Durante toda a minha vida, quer tenha dormido muito ou pouco, quer tenha bebido uns copos a mais ou a menos, sempre acordei e tratei de mim bem e rapidamente e estava pronto para a acção.
Penso que o “acordar” demonstra bem como podemos pegar em qualquer aspecto da nossa vida para aplicar esta técnica. Afinal, perguntam, como passar isto para outro contexto?
Vamos ver…
O “acordar” seria a primeira engrenagem (G.E.A.R.).
E aí temos:
G – Goal (objectivo) – Acordar com vitalidade e rapidamente e estar pronto a actuar num curto espaço de tempo
E – Evidence (evidências de sucesso) – Não deixar o despertador repetir ao fim de cinco minutos. Eliminar o alarme em causa de imediato. Estar no duche no máximo cinco minutos depois do despertador tocar.
A – Action (acções para o sucesso) – Agir de imediato. Levantar da cama e movimentar alguns músculos para estabelecer a circulação. Confirmar as horas. Não parar nem hesitar. Nunca divagar.
R – Recovery Strategies (estratégias de recuperação) – Quando acordar é mais difícil recordo o trabalho que está a minha espera e as responsabilidades que assumi. Penso nas pessoas que estão dependentes de eu acordar a horas. Forço o corpo a mexer-se.
E assim temos a primeira engrenagem… (G.E.A.R.)
E agora como passei isto para outro contexto? Bem, o contexto que usei foi a realização de trabalho (tem tudo a ver, não tem? J). Na altura tinha em mãos muitas formações diferenciadas, cursos e coaching. Todas estas actividades envolviam uma miríade de tarefas burocráticas que me estavam a ser difícil coordenar. Haviam relatórios a ser feitos, planos de sessões, avaliações, tasking de coaching, follow-up das sessões, trabalhos para os cursos, apresentações e slides, etc.
Então para a segunda engrenagem (G.E.A.R.) usei os mesmos princípios!
G – Goal (objectivo) – Despachar o trabalho burocrático antes do prazo terminar (inspirador não?!).
E – Evidence (evidências de sucesso) – Não ultrapassar muito o prazo (lindo!)
A – Action (acções para o sucesso) – Fazer coisas (já se percebe porque precisei de mudar de engrenagem?)
R – Recovery Strategies (estratégias de recuperação) – Fazer noitadas ou pedir adiamento do prazo.
Nessa altura, como é óbvio, resolvi mudar de engrenagem, para passar a ter mais sucesso nesta área da minha vida.
Então para a segunda engrenagem (G.E.A.R.) usei os mesmos princípios!
G – Goal (objectivo) – Despachar o trabalho burocrático a tempo e horas. Antecipar os prazos. Fazer um trabalho de qualidade.
(aqui é que começa a “magia”, aqui é que mudamos de engrenagem (shift G.E.A.R.) ao aplicar os mesmos princípios neste novo contexto)
E – Evidence (evidências de sucesso) – Não deixar o deadline aproximar-se do fim. Enviar a burocracia entes do prazo. Ter todos os trabalhos burocráticos realizados uma semana antes de serem exigidos.
A – Action (acções para o sucesso) – Agir de imediato. Pegar no primeiro trabalho burocrático que me apareça e actuar sobre ele. Se não o vir, procurar para manter o meu espírito desperto. Confirmar o que me foi pedido. Não parar nem hesitar. Nunca divagar.
R – Recovery Strategies (estratégias de recuperação) – Quando é mais difícil recordo o trabalho que está a minha espera e as responsabilidades que assumi. Penso nas pessoas que estão dependentes de eu entregar a horas. Forço o trabalho a ser feito e a começar. Penso nas consequências de não o fazer ou fazer em cima do prazo.
Os resultados foram e continuam a ser absolutamente espectaculares! Isto efectivamente funciona e o modelo de engrenagens do Michael Neill é o melhor exemplo de como um princípio aparentemente esotérico como a transcontextualidade pode ser posto em prática de forma simples e elegante!
Resumindo:
1 – Precisam de algo que já façam muito bem (pode ser qualquer coisa)!
2 – Escolham a o contexto que pretendem melhorar.
3 – Mudem de engrenagem (G.E.A.R.) analisando os objectivos, as evidências, as acções e as estratégias de recuperação.
Testem isto! Funciona!
2 comentários:
EXCELENTE !
O ponto menos claro para mim é o R.
Podes esclarecer?
Abraço
:)
Obrigado pelo comentário.
Estratégias de recuperação são as acções "extra" que se tomam quando não está a correr bem.
Quando notamos que algo devia estar a correr bem mas por algum motivo não está, então que medidas "extra" tomamos para retomar rapidamente o caminho?
Estas não são sempre usadas, mas ficam como um plano B para os dias mais complicados ;)
Abraço,
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