terça-feira, 20 de abril de 2010

Pêndulos e Galinhas

No último post falei de alguns mitos que rodeiam a temática da hipnose. O meu amigo Paulo, comentou que me tinha esquecido das situações em que, em programas de televisão, as pessoas são colocadas a fazer figuras estranhas e ridículas (cacarejar, por exemplo). Também referiu que não tinha falado do famoso pêndulo. Todos temos a imagem clássica do irresistível hipnotizador com um pêndulo na mão…


O motivo porque não falei desses dois temas é porque nenhum deles é mito. As pessoas, naqueles programas (pelo menos nos programas bem feitos!) estão realmente hipnotizadas e um pêndulo pode ser usado para hipnotizar.


Vamos ver primeiro a questão dos programas de televisão ou de palco em que pessoas são hipnotizadas e depois colocadas a fazer figuras ridículas, a alucinar e a comportar-se de forma estranha.


Um facto curioso é que o supercoach e hipnotizador Paul Mckenna fez diversos desses programas nos anos 90. Passaram em Portugal e quem viu nunca mais esqueceu a sua famosa frase para tirar as pessoas de transe: "Wakey, wakey!!! Rise and Shine!!!"


Mas eis o que se passa na realidade:


Antes do espectáculo o hipnotizador pede voluntários dispostos a fazer figuras ridículas por diversão;


Seguidamente testa todos para verificar quais são os que são mais facilmente hipnotizáveis e os mais obedientes;


Só então selecciona alguns, que são então hipnotizados e depois divertem o público!


É importante verificar aqui que o hipnotizador se certifica de que a) fazer figuras ridiculas ali não vai contra os princípios da pessoa e b) a pessoa é um bom sujeito hipnótico (isto é, obedece com facilidade aos comandos e é facilmente hipnotizável);


Quando isso não é possível, em programas gravados ao vivo ou num palco, alguns hipnotizadores dão-se mal com algumas pessoas porque escolhem sujeitos que não estão assim tão dispostos a participar ou não são bons sujeitos hipnóticos (toda a gente se lembra daquele programa do Herman do “firme e hirto”, não? ;)



Quanto ao pêndulo, é um bom instrumento para induzir hipnose, ainda que demasiado teatral para o meu gosto. O pêndulo é usado naquilo que se chama Indução por Fixação de Olhar.



É uma forma de indução hipnótica em que o sujeito fixa o seu olhar num determinado ponto ao mesmo tempo que relaxa e segue as instruções do hipnotizador. Tão simples como isso. O pêndulo serve apenas para o sujeito ter algo para fixar o olhar. Poderia ser também um dedo, uma caneta, um ponto na parede, etc…


Até a próxima!

terça-feira, 13 de abril de 2010

Mitos sobre Hipnose


Existem muitos, muitos mitos a circular acerca de hipnose. Neste post gostava de apresentar os mais comuns e dar uma pequena explicação de porque é que não é bem assim…


1. Nem toda a gente consegue ser hipnotizada.

FALSO. Todas as pessoas podem ser hipnotizadas se estiverem na posse das suas faculdades. Para se aprender algo novo, como ler ou escrever, ou até para ler um simples livro, a mente tem de entrar num estado alterado. Esse estado é muito semelhante ao de hipnose (transe ligeiro) pelo que se mente consegue uma vez, consegue todas as vezes. Existem realmente pessoas que entram mais facilmente em transe do que outras. É perfeitamente normal. Acerca deste mito Richard Bandler uma vez escreveu que a incapacidade de alguém ser hipnotizado diz mais acerca da experiência e da competência do hipnotizador do que de a mente da pessoa.


2. Em hipnose podemos fazer coisas ou dizer coisas que não estariam de acordo com os nossos princípios.

FALSO. Em transe, o paciente controla todo o processo e o hipnotizador simplesmente oriente. Estando em controlo, NUNCA fará algo que choque com os seus princípios ou dirá algo que não quereria dizer num estado normal. Muitas vezes usa-se hipnose para recuperar memórias ou pormenores de que a pessoa nem se lembra, mas a verdade é que a própria pessoa quer recordar, quer dizer, portanto continua a controlar. Em transe, se alguém receber uma instrução que choque com os seus princípios, essa pessoa desperta do transe e a hipnose termina (normalmente de forma abrupta).


3. Em hipnose não ouvimos, não sentimos e não vemos.

FALSO. Esse estado chama-se “morte”. Em hipnose, ouve-se, sente-se e pensa-se melhor.


4. Hipnose é o mesmo que dormir

FALSO. As ondas cerebrais são diferentes. Existe consciência, a pessoa pensa, sente e controla o seu estado.


5. Podemos não nos lembrar do que aconteceu.

FALSO. Só se não quisermos lembrar, e com apoio do hipnotizador. Se existir uma instrução que seja contrária ao que a pessoa quer (por exemplo, esquecer tudo quando essa pessoa quer recordar), isso choca com os seus valores e o transe é interrompido.


6. Podemos ficar em transe indefinidamente se algo acontecer ao hipnotizador

FALSO. Gradualmente a pessoa regressa ao seu estado desperto.


E estes foram alguns dos mitos que me ocorreram.

Qual foi o que me escapou…?

quarta-feira, 7 de abril de 2010

O que é Hipnose?


Existem muitas definições sobre o que é hipnose mas acredito que a mais simples e verdadeira é que hipnose è um estado alterado de consciência em que o consciente e o inconsciente podem ser focalizados e susceptíveis à mudança.


Todas as pessoas passam por esses estados de uma forma mais ou menos involuntária.


Já repararam quando estamos no semáforo e ele fica verde e continuamos ali parados sem reparar até o carro de trás apitar? Ou então quando conduzimos do ponto A ao ponto B e quando chegamos não nos lembramos da maioria da viagem porque viemos em “piloto automático”? Ou então quando estamos sentados, talvez numa esplanada, a sonhar acordados? Ou quando nos perdemos a ver um certo programa de TV? O que acontece nesses momentos? A mente “vagueia” e perdemo-nos em pensamentos… Esse estado alterado é uma forma de transe hipnótico.


Quando se fala em hipnose, não se fala em mais do que induzir esse transe de forma objectiva, no momento apropriado e com um objectivo concreto. Os objectivos são, normalmente, os de aceder a recursos que já temos no inconsciente mas aos quais não conseguimos aceder facilmente (ou de todo!) de forma consciente.


É neste sentido que a hipnose é usada em PNL e em coaching, para que o cliente consiga relaxar o suficiente para poder aceder a recursos do seu inconsciente ou integrar de forma mais profunda novos conhecimentos e novas aprendizagens. É uma ferramenta poderosa apesar de todos os mitos que circulam à sua volta.


Concretizando, ao aceder ao seu inconsciente, o cliente dispõe de muitos mais recursos para enfrentar os desafios que se lhe apresentam. Alguns dos muitos exemplos do uso actual da hipnose são o controlo de “maus hábitos”, o relaxamento, o controlo da dor, o reforço da confiança e da determinação, a alteração de comportamentos, a visualização, a obtenção de novas perspectivas, o apoio no tratamento de depressão, a melhoria da concentração, problemas de fala, insónia, fobias, etc.


Recordo-me de um colega que frequentou um curso de introdução à PNL na qual o trainer (que duvido que fosse realmente um NLP Trainer) lhe disse que não usava hipnose porque não tinha utilidade… (não irei comentar).


A verdade é que a hipnose tem sido usada ao longo dos milénios com muito sucesso. Claro que com nomes diferentes, mas se atendermos à definição, trata-se simplesmente de hipnose. A hipnose como hoje é conhecida beneficiou em muito grande medida do trabalho de uma vida inteira de Milton H. Erickson.


Ao longo da sua vida (que fica para outro post) ele desmistificou a hipnose, agilisou o seu uso e obteve resultados tão inegavelmente extraordinários que a hipnose passou a ser considerada uma prática legítima.


Muito do trabalho de Erickson, as suas técnicas, ideias e padrões não estariam hoje disponíveis se não fosse pelo trabalho dos dois criadores da PNL, Richard Bandler e John Grinder. Durante 11 meses eles viveram com Erickson, estudaram e modelaram todo o seu trabalho. Eventualmente publicaram dois livros que sintetizava tudo o que aprenderam (e cujo conteúdo o próprio Erickson aprovou, meses antes de morrer). Os livros “Patterns of the Hypnotic Techniques of Milton H. Erickson, M.D”, volumes I e II, tornaram-se, a par com a “The Structure of Magic”, nos fundamentos da Programação Neurolinguística e hipnose num dos seus instrumentos mais poderosos. Esta modelagem permitiu a muitos terapeutas e estudiosos, mesmo que sem interesse pela PNL, aprenderem as técnicas e ideias de Erickson.






É curioso referir que, inicialmente, quando Bandler lhe telefonou, Erickson desculpou-se com o muito trabalho que tinha em mãos (não era por nada que a sua alcunha era “O Milagroso”). Bandler respondondeu-lhe: “Some people Dr. Erickson, can find the time, acentuando as palavras “Dr. Erickson” e “find the time” naquilo que é uma forma conhecida de um comando hipnótico. O facto de Bandler, na altura um jovem estudante, ter usado um dos seus próprios padrões de linguagem “contra” ele, despertou o interesse de Erickson que reconsiderou o convite e eventualmente aceitou.


Posteriormente, muitos mais livros foram escritos e muitas das técnicas de Erickson foram refinadas e “aceleradas”. Richard bandler, em particular, dedicou e dedica muito do seu trabalho na PNL ao estudo, uso e melhoramento de técnicas hipnóticas.


E por hoje ficamos por aqui…


No próximo post, vamos falar de alguns mitos que por aí circulam sobre hipnose e sobre o transe hipnótico...


terça-feira, 6 de abril de 2010

Vamos falar de hipnose...

Boas!

Os meus próximos posts serão sobre hipnose, em especial a hipnose eriksoniana, numa perspectiva da PNL. No fundo é irrelevante porque seja qual for o contexto, os princípios são genéricamente os mesmos.

Para começar (e abrir o apetite) deixo-vos com o início de uma "palestra" sobre hipnose dada a uma audiência da BBC por aquele que é o maior perito do munto em hipnose, e o co-criador da PNL, Richard Bandler!




A palestra toda é um bónus que é dado em DVD a quem comprar a edição britânica do livro "Richard Bandler's Guide to Trance-Formations". Falarei desse livro mais adiante mas posso já dizer que o livro (o DVD incluído) ficam por menos de 15 euros...

Enjoy...